quinta-feira, 28 de abril de 2011

Natália Nogueira Soares


Amigo é casa.


30/07/08



Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.



Em meu coração tu moras.
Moras sem pagar e sem pedir.
Moras assim, sem ser de graça;
Moras dando o teu amor e a tua alegria, mesmo que eu não peça.
Moras aqui não sei o porquê.
Moras aqui porque aqui fizeste lar.
E, antes de fazer d'aqui teu lar, eu fiz do teu coração e da tua mente a minha morada.
A minha morada, pra que tu não esqueças
pra que tu não esqueças que, juntas, existimos
E, separadas, somos réstia.
Réstia de quem sofreu, de quem não viveu.
Coisa que não pertence a nós.

O que nos pertence é o amor.
A alegria.
A energia do teu viver, do teu sofrer,
do teu sorrir.
Do teu abraço.
Do teu beijo.
A energia de ti.


Eu te amo.
Sem cobrança.
Sem necessidade.
Não a necessidade dos outros, mas a minha,
A minha necessidade é te amar.
Te amar pra que eu viva.
Pra que eu viva.
Pra que eu viva e descubra como é viver.
Viver pra te amar.






Te amo.

segunda-feira, 25 de abril de 2011


Eternidade


Dias curtos em velocidade instantânea
E a saudade veio tão forte
Quanto a pressa de te ter de volta
Ou de ir ao seu encontro onde quer que seja
Sem importar com quem ou como esteja

Olhares trocados
A busca incessante de uma resposta
Que não vem
De que vida foi?
Não sei
Sei que temos esta vida
E foi nesta que nos vimos
Sentimos
E será nesta que nos olharemos
Incessantemente...

Fazer amor
De amores feitos
De gritos calados
Desejos
Da vontade de desabafar
Que o medo sufoca
A fala retida
Que quando libertada
Retribuída...
Alívio

Infâncias quase vividas juntas
Pois tudo é tão parecido
E nela estamos ainda
Cócegas
Risos
Afagos
Beijos sem malícia
Abraços fortes
Delícias

Passados iguais
Futuros ...
Sem planos
Um dia de cada vez
Queremos felicidade
Só por hoje
Queremos um ao outro todo tempo
Pela eternidade de um dia inteiro

O momento único
O adeus
O beijo





23 de março de 2006 às 21h50

sábado, 16 de abril de 2011

Chuva passageira...


Frios e reflexivos
E ... caem
Gotas nas quais me banho
Na mera ilusão de que tudo vai findar
E danço e rio por um momento
Você me acompanha e quando me dou conta já me guia
Pega suavemente na minha cintura...
Os dedos nos meus cabelos
A lágrima que se confunde com o que cai do céu,
Você enxuga fitando a sua origem cor de mel e ri.
Aquele sorriso cafajeste... Me abraça e encaixa tua face no meu ombro
e ali permanece quieto, calado, e consigo sentir o tremor,
misto de frio e medo...
de se molhar, se jogar...
e a chuva pára e caminhamos ensopados...
Rindo.
Por um momento.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Âmago


Eu sou os extremos:
sou...
quem fala e quem cala,
quem chora e quem silencia,
quem apanha e quem bate,
quem beija e quem cospe,
o êxtase e o fundo do poço,
a dança e a paralisia,
a genialidade e a burrice,
a luxúria e a castidade,
quem quer e quem desiste,
quem sofre e quem agride,
quem brilha e quem se esconde,
quem exagera e quem se abstem,
eu sou o que você queria ser e quem quer ser o que você é,
eu sou quem tem e quem necessita,
quem dá e quem nega,
quem crê e quem desconfia,
quem ganha e quem perde,
a glória e o fracasso,
eu sou o caminho inteiro e sou apenas um passo,
eu sou quem busca e quem já encontrou,
enfim...
eu sou o que sou:

EU.





(Raíssa Rabello - 05/06/2008 - 17:41)

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E por fim: Ponto.

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